Este artigo oferece mais do que uma reflexão: é uma proposta de coerência entre os termos e a prática do Grafoanalista.
Dentre as premissas da Ciência, considera-se a formação completa para se conduzir um processo de análise pautado na metodologia grafológica que compreende o ser humano na estrutura psíquica, emocional e comportamental.
A análise é um processo, portanto, trata-se de um diagnóstico que, na classificação, conjugação dos elementos gráficos e na interpretação, resultará num parecer técnico, neste caso um laudo.
O termo ‘diagnóstico’ é amplamente utilizado nas diferentes áreas profissionais, como é também o termo ‘laudo’.
Há uma crença entre os grafólogos brasileiros, sem data de nascimento, de que ao confeccionar seu parecer a respeito da letra que lhe é apresentada, não pode usar o termo ‘laudo’ para designar o resultado. Nada mais errôneo! Eis que o uso das palavras no idioma português/brasileiro é livre para qualquer área e/ou profissão. É claro que cada palavra com seu atributo e designação, leva forçosamente ao uso de uma gama de palavras que indica o fluxo dos indicativos de cada profissão. Ao mesmo tempo, o termo ‘laudo’, curiosamente, é uma das palavras que se aplica a várias profissões principalmente por não interferir no entendimento do que cada uma delas faz e mais ainda por designar ‘de fora’ o que cada uma delas traz – é um laudo -. Do resumo de diversas fontes, temos que laudo é um texto que contém um parecer técnico, uma opinião especializada sobre determinado assunto, uma decisão tomada após cuidadosa consideração, ou um parecer de árbitro (quando usada judicialmente).
BETTINA-SHOENFELDT KATZENSTEIN (1964), intitula um dos capítulos do seu livro, História, Teoria e Aplicação, de A Elaboração do Diagnóstico Grafológico.
Cremos que temos substantivos e adjetivos que especificam a área e apresentam coerência na sua utilização, ou seja, diagnóstico médico, diagnóstico psicológico, portanto e também, diagnóstico grafológico.
Atualmente, há inclusive o laudo de vistoria de identificação veicular o que nos apresenta a amplitude da aplicação dos termos. Na mecânica, o automóvel passa por um diagnóstico técnico.
MINICUCCI (1991) afirma que optamos pelo termo grafoanálise, porquanto o nome é mais adequado ao conteúdo da matéria, isto é, análise (ou diagnóstico) através da escrita (grafo). E avança, a grafoanálise é uma estratégia que deve ser estudada com critério e seriedade a fim de validá-la como processo de diagnóstico.
XANDRÓ (1998) orienta para a redação do relatório: Seja positivo e seguro em seu diagnóstico... Evite termos confusos. Procure ser absolutamente preciso em seus laudos.
MINICUCCI-AGOSTINHO; MINICUCCI- MARIA CRISTINA, (1994), orientam: ... o grafoanalista deverá reunir, nas conclusões do laudo, todos os elementos positivos...
Chegamos aqui à profissão com a qual o grafólogo compartilha alguns conhecimentos, a Psicologia, conhecimentos estes que têm por base Freud e Jung. Deste, vários pioneiros da grafologia foram alunos, como Annia Teillard e Marianna Leibl, mas também, por outro lado, outro pioneiro da grafologia, como Pulver, correlacionou as zonas das escrita – superior, média, inferior – com a teoria freudiana do id, ego e superego. Assim, vemos alguns pontos em que a Grafologia complementa sua visão do escrevente com elementos da Psicologia. Historicamente isso foi facilitado dado ao desenvolvimento quase contemporâneo das duas matérias, eis que a Grafologia tem início modernamente em 1875 com Michon, e revisto e modernizado por Crépieux-Jamin em 1930, enquanto que Freud dá à luz seu “A Interpretação dos Sonhos” em 1900.
Assim, um grafoanalista diplomado, que faz uso das teorias de personalidade nas análises, desenvolve um diagnóstico grafológico e apresenta um laudo grafológico, adequadamente especificado. Em nada fere a ética ou se comete qualquer tipo de infração a utilização dos termos, ao contrário, a aplicação dos mesmos fortalece a credibilidade justa à prática.
Erwin André Leibl (Grafólogo/Presidente) e Cristianne Cestaro Valladares Rubbo (Membro Efetivo/Grafoanalista)
SP, 08.2022
BIBLIOGRAFIA
Dicionário Aurélio, Dic. Escolar Língua Portuguesa (MEC), Dicionário online de Português e no conceito inglês traduzido do Advanced Dictionary of Current English
Resolução CFP 06/2019
MINICUCCI, AGOSTINHO - Grafoanálise, a nova abordagem da grafologia, teorias e sistemas. São Paulo, Atlas Editora, 1991.
MINICUCCI, AGOSTINHO; MINICUCCI, MARIA CRISTINA - Jung e a Grafoanálise. Goiânia, Dimensão Editora, 1994.
SCHOENFELDT, B. - História, Teoria e Aplicação. Rio de Janeiro e São Paulo, Livraria Freitas Bastos, 1964.
XANDRÓ, MAURÍCIO - Grafologia para Todos. São Paulo, Ágora, 1998.